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Aniversário de Vinhedo e Festa da Uva

Atualizado: 10 de abr. de 2023

Hoje, dia 2 de abril de 2023, a cidade de Vinhedo comemora seu aniverário de 74 anos! Também hoje ocorre o encerramento da tradicional Festa da Uva. Mas, afinal, você sabe como tudo começou?!


A Festa da Uva é uma celebração comunitária tradicional que surgiu em meados da década de 1940 no então Distrito de Rocinha, no entorno da Paróquia Sant'Ana (atualmente região central da cidade de Vinhedo): os chacreiros se reuniam para festejar a colheita da safra. Naquela época, o cultivo da uva era a base da economia local e a região estava em franca ascensão econômica e política.


Após a inauguração da Estação Cachoeira na linha férrea entre Jundiaí e Campinas da antiga Companhia Paulista de Estradas de Ferro, em 1918, o então vilarejo de Rocinha deixava de ser conhecido apenas como posto de “paragem” das tropas de muares que transportavam café pela Estrada Velha de Campinas até São Paulo. A eletrificação da linha férrea concluída em 1928 também foi um importante marco de desenvolvimento pois trouxe consigo a iluminação pública e a energia elétrica para alguns departamentos públicos, estabelecimentos comerciais e também algumas residências.



Em 31 de outubro de 1938, o governador do Estado de São Paulo, Albuquerque Lins, promulgou a Lei nº 1.138, criando o Distrito de Paz de Rocinha, no município de Jundiaí. Já em 1947, incomodados com o descaso do governo de Jundiaí que não conseguia suprir as necessidades de Rocinha que se desenvolvia de forma acelerada, alguns moradores entendiam que poderiam caminhar com as próprias pernas surgindo um movimento que buscava a emancipação política, sob a liderança do médico Dr. Abrahão Aun; dentre os membros mais proeminentes do movimento separatista estava Favorino Carlos Marrone que, recém-nomeado pároco de Rocinha por Dom Paulo de Tarso Campos em janeiro de 1948, incentivava o movimento e cedia a sacristia da paróquia para a realizar as reuniões do grupo. O deputado estadual Antônio Silvio da Cunha Bueno esteve à frente do movimento emancipacionista, tendo a emancipação sido aprovada no plebiscito realizado em 24 de outubro de 1948: o então distrito de Rocinha havia se tornado município de Vinhedo pela Lei Estadual 233/48. O nome Vinhedo foi atribuído em decorrência da grande produção de uvas e vinhos, o que conferiu à cidade o título de “terra da uva”.


Foi nesse contexto de pura efervescência e de desenvolvimento político, econômico e social que a Festa da Uva ganhou importância uma vez que, por sugestão do padre Bruno Nardini, então pároco de Valinhos, as edições seguintes foram utilizadas para arrecadar dinheiro para as obras da igreja, tendo financiado a construção de um grande legado de relevante importância social até os dias de hoje, dentre os quais merecem destaque a Igreja Matriz (atual edificação da Paróquia Sant'Ana), a Santa Casa (até hoje o único hospital de Vinhedo), o Lar da Caridade (que cuida dos idosos desamparados), a sede dos Vicentinos dentre tantas outras obras.


Ao mesmo tempo em que servia para angariar fundos e donativos para financiar as obras de cunho social, a Festa da Uva proporcionava lazer e divertimento aos moradores e aos visitantes que vinham de outras cidades, como também valoriazava o trabalho dos produtores e comerciantes locais que podiam expor e vender os seus produtos, gerando renda às suas famílias.


A Festa da Uva de Vinhedo de 1950 foi a maior realizada desde então, envolvendo grandes preparativos e contando inclusive com a presença do Governador do Estado de São Paulo, o Dr. Ademar de Barros, além de secretários estaduais e muitas outras autoridades; por conta disso, essa edição acabou sendo considerada oficialmente como sendo a 1ª Festa da Uva de Vinhedo.


Festa da Uva. Como nos demais anos realizamos a Festa da Uva em benefício das obras da futura matriz. A exposição de frutas foi localizada no barracão da Fábrica de Óleos Vegetais gentilmente cedida pelos seus diretores. Às 10 horas chegava à cidade o Exmo. Sr. Dr. Ademar de Barros, Governador do Estado, que inaugurou a exposição. Estiverem presentes os Secretários da Justiça, Viação, Saúde, além de muitas outras autoridades estaduais. A festa foi este ano patrocinada pela Divisão do Fomento Agrícola da Secretaria da Agricultura, que fez a entrega dos prêmios aos primeiros classificados, bem como toda a propaganda da festa que esteve bastante concorrida. O Governador almoçou na Fazenda Bela Vista, propriedade dos monges beneditinos. Às 16:30 o Sr. Secretário da Agricultura fez a entrega dos prêmios aos chacareiros que se distinguiram pela apresentação da melhor fruta; melhor embalagem; variedades etc. A abertura da exposição foi filmada. Simultaneamente a exposição de frutas, no mesmo local, houve exposição industrial dos produtos do município. Foi a primeira a realizar-se no novel município e a todos agradou imensamente. A renda líquida da festa foi 22.310 cruzeiros, além todo o material que comprado ficou como capital para os próximos anos. (Fonte: livro-tombo da Paróquia Sant'Ana; anotação feita à mão pelo entrão Padre Favorino)

No documentário “Uma Viagem no Tempo” produzido pelo Rotary Club de Vinhedo em maio de 2006, dentre muitos registros históricos é possível assistir também a uma declaração do próprio Monsenhor Favorino sobre a origem da Festa da Uva de Vinhedo:



Em setembro de 1953 consta no livro-tombo da Paróquia Sant’Ana um registro de que foi fundada na Fazenda Capela (Vila Garcez) um Centro Social Rural patrocinado pela Paróquia e orientado pela Escola de Serviço Social de Campinas. Após mobilizar praticamente todos os 7 mil habitantes da cidade que contribuíram desde a doação do terreno até a edificação do telhado, a obra da nova igreja matriz terminou em 1959, quando a velha capela foi demolida, e desde então a nova igreja matriz se destaca imponente no Centro da cidade de Vinhedo, com capacidade para acomodar centenas de fiéis.


Em 1959, Vinhedo tornou-se o maior produtor de uvas de mesa do Estado, ao colher 16 milhões de quilos da fruta, o equivalente a 2 milhões de caixas, principalmente da espécie Niágara Rosada. Ainda neste ano, os agricultores da cidade também obtiveram excelentes resultado nas colheitas de outras frutas – maçãs, caquis, goiabas e laranjas – cereais e leite. Contudo, é a partir da década de 1960 que a produção de uva vai diminuindo: em lugar dos dois milhões de caixas produzidos em 1959, o número reduziu-se para 1,3 milhão em 1965. (VIVEIROS, 2005 apud FAVARO, 2014)


Foi também em 1959 que Janio Quadros fez uma doação no valor de Cr$ 200 mil para as obras sociais da Paróquia de Vinhedo (atual Paróquia Sant’Ana), conforme registrado no documentário “Favorino Carlos Marrone - o pastor de ovelhas vinhedenses”.


A Irmandade da Santa Casa de Vinhedo foi outro projeto bastante ambicioso e que levou quase uma década entre a ideia e sua concretização; inaugurado em maio de 1962, o hospital foi projetado pelo Dr. Mascarenhas da Faculdade de Saúde e Higiene Pública da USP, foram grandes incentivadores os médicos Dr. Abrahão Aun e Dr. Manoel Matheus Neto e como principal patrocinador o Dr. Aníbal Lelis de Miranda.


Outra obra de relevante cunho social e que também foi financiada com os recursos arrecadados pela Festa da Uva foi a construção do Lar da Caridade, o primeiro asilo de Vinhedo, inaugurado em 1972.



A Festa da Uva de Vinhedo continuou ocorrendo anualmente, sendo que o evento também foi realizado em outros lugares da cidade como nos bairros Barra Funda e São Mateus até que passou a ser realizada no Parque Municipal Jayme Ferragut na década de 1980.


No outro dia que aqui esteve de passagem distinto cidadão proprietário de um sítio para repouso, localizado entre Itatiba e Campinas. Viera atraído pelas notícias da realização da magnífica Festa da Uva. Desejava conhecer a sede de nosso município, os seus homens, as suas indústrias e os detalhes sobre o cultivo de frutas. Percorreu alguns sítios e fazendas ficando satisfeitíssimo (...). Após visitar as pequenas indústrias, tivemos o prazer de levá-lo a conhecer a grande fábrica de tecidos Sant’anna. (...) A saída, no pátio fronteiro, o nosso visitante declarou-nos: “Tenho viajado inúmeras vezes pela Paulista, de Campinas ou de Valinhos para São Paulo e, francamente, não fazia idéia de que Vinhedo fosse a cidade magnífica que acabo de visitar; pensei em tratar-se de um povoado subordinado a esta grande indústria. Mas, diante do que me foi dado ver, ou seja, uma cidade limpa, com água e esgoto, ruas e avenidas espaçosas, clima excelente e habitada por gente hospitaleira, levo daqui a melhor das impressões.” Considero importante a impressão do “distinto cidadão” porque esta revela algumas características do município que, malgrado os mais de cinquenta anos que separam do presente, parecem bastante atuais. Comecemos pela atração do município via turismo e sua relação com a agricultura. O ilustre cidadão, não podemos esquecer, veio conhecer Vinhedo atraído, primeiramente, pela Festa da Uva. Mas Vinhedo não é apenas agricultura. Foram mostradas também pequenas e grandes indústrias ao visitante. Por fim, a cidade o seduziu pelo seu clima, por ser limpa, urbanizada e por ter um povo hospitaleiro. (PIRES, 2007)

Com o tempo, a Festa da Uva de Vinhedo passou a ganhar significativa importância, desempenhando papel fundamental no desenvolvimento cultural, social e econômico do município, atraindo inclusive proeminentes autoridades políticas que frequentemente marcavam presença, dentre os quais destacam-se o Presidente Juscelino Kubitschek, Governador Jânio Quadros, Governador Ademar de Barros, Governador Lucas Nogueira Garcez, Governador Carvalho Pinto, Governador Laudo Natel, Governador Franco Montoro, Governador Orestes Quércia, Governador Mário Covas, Governador Geraldo Alckmin, dentre tantas outras autoridades.


Algumas lembranças ficaram guardadas na memória do vinhedense José Antônio Fávaro. Uma delas era a função de seu amigo Altair, que uns três meses antes de começar a festa, ia com a perua da prefeitura para muitas cidades, colando cartazes para divulgar o evento, porque naquela época não tinha outro meio de comunicação: a propaganda era feita boca-a-boca ou nesse esquema de colar os cartazes. Ainda, José se lembra que quando a festa já havia crescido um pouco, lá para a década de 1970, começaram a vir artistas de fora apresentando os seus shows e a Rita Cadillac foi uma das apresentações. O palco foi montado, e a Rita estava no auge do sucesso. Para a época foi um pouco revolucionário, pois as famílias da cidade ainda eram muito religiosas e conservadoras. Depois disso, a festa começou a expandir-se cada vez mais e a avenida passou a não comportar mais tanta gente. Percebeu-se, então, a necessidade de construir um parque para abrigá-la. (FAVARO, 2014)

Na década de 1980 a Festa da Uva passou a ser organizada pela Prefeitura Municipal de Vinhedo, desvinculando-se da Paróquia Sant’Ana e, com o passar do tempo, foi perdendo algumas de suas características originais e incorporando outros elementos: parque de diversões, grandes shows com artistas de renome nacional, desfile de cavaleiros, passeio de motociclistas, entre outras atividades; em 2009 a Festa da Uva de Vinhedo agregou também a Festa do Vinho.



O formato mais comercial da festa acabou gerando intercorrências e reclamações de moradores da cidade, que passaram a questionar se efetivamente a Festa da Uva tem uma relação custo/benefício positiva. Os comerciantes da cidade também passaram a ficar incomodados com este formato da festa pois eles não conseguiam mais participar do evento em decorrência dos valores muito elevados que passaram a ser cobrados pelos organizadores que eram terceirizados pela Prefeitura de Vinhedo.


As administrações públicas foram ano após ano aumentando cada vez mais o orçamento da Festa da Uva, porém sem uma racionalização na forma de gestão. Nas últimas edições a organização da Festa se dava através da Associação Comunitária Vinhedense de Educação e Cultura – ACOVEC, a qual contratava outras empresas para utilizar o Parque Municipal. Nunca houve licitação para isso. A rentabilidade do estacionamento sempre foi concedida às entidades assistenciais ou organizações como a Santa Casa. Tanto o repasse para a ACOVEC quanto os gastos com infraestrutura estiveram sob responsabilidade da Prefeitura, limpeza, água, segurança e serviços de apoio inclusos. É preciso ainda colocar na conta os shows contratados para Festa, que também eram utilizados recursos dos cofres públicos. Ou seja, majoritariamente o dinheiro gasto na Festa sempre foi público, e quaisquer lucros iam direto para as empresas contratadas. (Cicerone Vinhedo, 2016)

Nesse contexto, algumas associações dentre as quais cabe destacar a Associação Italiana Vinhedense (fundada em 1902), a AVIVI - Associação dos Vitivinicultores de Vinhedo (fundada em 2004), a AVETUR - Associação Vinhedense dos Empresários de Turismo (fundada em 2011), a APROVIN - Associação dos Produtores de Uva e Vinho de Vinhedo (fundada em 2013), juntamente com as comunidades paroquiais católicas, buscaram resgatar as características originais da Festa da Uva de Vinhedo pleiteando insistentemente no âmbito do Conselho Municipal de Turismo.


Houve quem argumentasse que a atividade agrícola passou a ser inexpressiva para a economia de Vinhedo, estando seu território urbanizado em quase sua totalidade, e que por isso já não seria mais possível fazer uma Festa da Uva autêntica com conteúdo vinhedense. No entanto, isso vai de encontro com alguns exemplos práticos, como por exemplo o de Jundiaí que em 2013 organizou sua Festa da Uva em outro formato, resgatando a sua identidade histórica e cultural.


O resgate do espírito comunitário da festa, a partir de 2013, complementa o trabalho de valorização de seus mais de 80 anos de existência com um ambiente atraente para moradores e visitantes. Além da exposição de uvas para premiação, as frutas também passaram a ser comercializadas em estandes nos bairros rurais; no espaço gastronômico da festa os estandes são organizados pelas cozinhas de tradicionais festas comunitárias de bairros da cidade e a alameda das adegas conta com o vinho produzidos pelas tradicionais famílias da cidade: “Esse formato de comunidade, mesmo aberto a novidades, atinge o que as pessoas querem. Hoje entendemos que as uvas de Jundiaí representam três aspectos diferentes de importância na cidade, que são o cultural e histórico, ligado à nossa identidade, o econômico, ainda que menor do que a indústria ou o comércio, e também o ambiental, pois a área agrícola é parte do cinturão verde que conserva nosso clima e mananciais de água. E celebramos tudo isso na festa”, afirmou o prefeito de Jundiaí. (Circuito das Frutas, 2016)

Em 2023, após três anos em que a Festa da Uva deixou de ser realizada por conta da pandemia de Covid-19, finalmente a Prefeitura de Vinhedo decidiu alterar o formato da festa a fim de privilegiar os produtores e os comerciantes locais, resgatando os valores originais e as tradições dessa manifestação cultural, mesmo num contexto já mais urbanizado e desenvolvido, mostrando que o passado, o presente e o futuro podem conviver de forma harmoniosa.



O novo formato da Festa da Uva de Vinhedo, dentre tantas outras coisas, trouxe de volta a comunidade da Paróquia de Sant'Ana, assim como também as outras três paróquias da cidade (São Sebastião, Nossa Senhora de Lourdes e São Francisco de Assis) que, pela primeira vez na história, trabalharam em conjunto durante todo o evento.


Rainha Laura e princesas Júlia e Natália
Festa da Uva de 2023

Também pela primeira vez a Sorveteria Ideal tem um espaço na praça de alimentação e trouxe suas principais delícias para a Festa da Uva de Vinhedo, incluindo a Banana Split, o Milkshake, sorvetes em casquinhas, picolés e o Pet Pop (um sorvete desenvolvido especialmente para os pets).


E, como não poderia ser diferente, tinha o tradicionalíssimo sorvete de uva, feito com frutas de verdade, totalmente artesanal, sem adição de corantes, gorduras nem conservantes.



Quer saber como foi a Festa da Uva de Vinhedo desse ano, então dá uma olhadinha no vídeo institucional oficial:


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